A falta de higiene íntima adequada ainda é um problema sério no Brasil e pode custar caro. Segundo o urologista Flávio Antunes, essa negligência está diretamente ligada ao aumento de casos de câncer de pênis, uma doença grave que ainda acomete muitos homens, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. “Pode parecer exagero, mas a higiene íntima é uma questão de saúde pública. Ela pode prevenir infecções, lesões e até mesmo câncer”, afirma o especialista.
O alerta ganha ainda mais destaque durante o mês de setembro, quando a Sociedade Brasileira de Urologia realiza a campanha “Vem pro URO”, voltada à conscientização sobre a saúde do homem.
Fatores de risco: da fimose ao HPV
Entre os principais fatores que elevam o risco da doença estão a falta de higiene, a presença de fimose e infecções por HPV (papilomavírus humano). A fimose, que impede a exposição total ou parcial da glande (cabeça do pênis), é comum em crianças e pode se resolver espontaneamente. No entanto, quando persiste na adolescência ou fase adulta, pode dificultar a higienização e favorecer o acúmulo de secreções, facilitando infecções e o aparecimento de lesões.
Já o HPV, considerada a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo, está diretamente relacionado a diversos tipos de câncer, incluindo o de pênis, colo do útero, ânus, vulva e garganta. Por isso, o especialista reforça a importância da vacinação ainda na infância, tanto para meninos quanto para meninas.
Caso real: jovem de 20 anos é diagnosticado com câncer de pênis
Para ilustrar os riscos da negligência, o urologista relata um caso chocante atendido em seu consultório. Um jovem de apenas 20 anos procurou atendimento por conta de uma inflamação peniana. O diagnóstico inicial revelou uma infecção agravada por fimose. Durante a cirurgia corretiva, foi identificada uma lesão suspeita na glande, que após biópsia, revelou-se um câncer. “O paciente precisou passar por amputação parcial do pênis, algo extremamente impactante para um jovem. Felizmente, conseguimos tratar a tempo e ele foi curado”, conta Antunes. O caso acende um alerta: embora o câncer de pênis seja mais comum após os 50 anos, ele também pode ocorrer em adultos jovens.
Prevenção começa cedo e em casa
De acordo com o médico, a prevenção começa com atitudes simples e orientação familiar. “Pais, especialmente as mães, têm papel fundamental em observar, orientar e buscar ajuda médica quando necessário. Fimose não é tabu. Saúde íntima não é vergonha”, reforça.
A recomendação é clara: higiene adequada, vacinação contra o HPV e acompanhamento com urologista desde a adolescência são medidas eficazes de prevenção. E, acima de tudo, é preciso combater o preconceito que ainda cerca a saúde íntima masculina.
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Fonte: BS2 Comunicação